Todos os bons pais protegem seus filhos. Desde o nascimento, bons pais verificam a respiração do filho quando adormece, cuidam para que ele não role para o outro lado do berço ou ainda se certificam que não há a possibilidade de engasgar. Depois chegam os primeiros passos, a preocupação em afastar móveis, objetos que possam causar qualquer tipo de acidente. Logo chega a vez da escola, primeiro contato social além da vida familiar, onde outros adultos passarão a conviver com a criança. E então são inúmeras vezes que eu me deparo com estes questionamentos na escola. Até onde se deve proteger o filho neste novo cenário?
Esta pergunta, às vezes, nem chega aos pensamentos de pais superprotetores, pois eles têm a certeza que estão agindo corretamente. Mas não é bem por aí.
A superproteção desprotege a alma, a saúde mental e a liberdade de desenvolvimento integral da criança. Quantas vezes em nome de "dar voz ao filho" por entender que proteger é não frustá-los, deixamos que os pequenos decidam situações que ainda a pouca idade não lhes dá o discernimento necessário para tal escolha, seja a escolha do jantar ou ainda a decisão de escolher a escola que quer frequentar. Em nome da superproteção, damos a liberdade de escolha para que não aconteça a frustração e acabamos tirando a oportunidade de experimentar melhores vivências. Saber dosar a proteção dos filhos, requer um olhar que nem sempre os pais estão dispostos a fazê-lo, pois exige de si próprio, tempo e dedicação para encontrar o equilíbrio, algo que nossa geração afasta-se cada vez mais. Mas isso é uma outra discussão.
Em nome da proteção, controlamos todos os ambientes que a criança é exposta, escolhemos os amigos da escola e excluímos toda divergência humana que se pode encontrar no caminho. E quando percebemos, tornam-se adultos que precisam do direcionamento constante dos pais, para enfrentar uma simples adversidade no trabalho, namoro e relacionamentos.
Superproteger amputa as habilidades sociais e emocionais da criança, pois dessa forma, ensinamos que o mundo se molda às nossas vontades, o que na prática não acontece. Deixe seu filho enfrentar o colega que o desafia, que implica com a sua maneira de brincar ou falar. Oriente a defender seus posicionamentos. Todas essas situações vividas na infância o ajudarão a se tornarem um adulto que sabe enfrentar a diversidade da vida e a respeitar o seu limite e do outro.